Gabigolzinho, objeto de desejo dos rubro-negros, aguardem a onda dos cabelos descoloridos no verão…

É tengo, é dengo. É o Mengo duplamente campeão.

Texto foto e vídeo de Valéria del Cueto

Pulsar carioca

O vento batia forte na orla carioca na manhã de sábado, dia da decisão da Libertadores da América. Parecia fazer força para levar nossas vibrações para Lima, no Peru, onde o Flamengo enfrentou o River Plate. Se a força da mentalização existe, sem dúvida, ela ajudou a levar o time à final do campeonato.

Pelas ruas da cidade as cores do time passeavam democraticamente entre os mais abastados do asfalto, moradores dos morros do Pavão, Pavãozinho, Cantagalo e quantas outras comunidades estivessem representadas nas areias da praia, frequentada por todos.

Nas esquinas, os botequins eram pontos de onde escoavam gritos de incentivo ao Flamengo. Parecia que o tempo não passava, tal era a expectativa no Rio de Janeiro. A vida carioca estava paralisada. E Deus e todo mundo comemorando.

Em Lima

No início do jogo a pressão dos times traz o silêncio depois da animação inicial. Aos 14 minutos o gol do River Plate nos pés de Borré. E lá fomos nós, torcedores, mergulhando na saga dos jogadores em campo. No intervalo a certeza do realinhamento do esquema do Flamengo, afinal essa é uma característica de Jesus, o treinador português que chegou e “catequizou” a nação rubro-negra.

O tempo foi passando e nada acontecia. Até que Gabigol, nos minutos finais, fez o primeiro empatando, meteu o segundo virando o jogo (sob o olhar estarrecido da torcida do River) e deu o campeonato ao time carioca, literalmente sacudindo a galera.

Às cenas inesquecíveis da vitória, se junta a patética performance do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, que foi solenemente ignorado ao se ajoelhar aos pés do herói da partida.

O amor dessa bandeira não cabe no sorriso do torcedor campeão!

No Rio

As comemorações se estenderam pelas ruas da cidade, e os gritos dos torcedores ecoavam a cada gol do Flamengo. A audiência do jogo superou as finais de Copa do Mundo transmitidas pela Globo.

Pelas redes sociais explodiram as comemorações da torcida e dos “especialistas”. Como explicar o imponderável e a disposição do time de chegar a vitória?

A rainha de bateria Evelyn Bastos cercada por seus amores: Mangueira e Flamengo

Festa na favela

Enquanto a equipe voava para o Rio de Janeiro na quadra da Mangueira os ritmistas da bateria chegavam para o ensaio de sábado. Vazio, a princípio, o espaço começou a encher pela meia noite. E a festa tomou conta do Palácio do Samba.

Era grande a quantidade de camisas do time campeão. Miniaturas de Gabigol passeavam entre os instrumentos. Mestre Wesley solava no repique. A ordem era ser feliz.

O clima era de desconcentração e alegria sob a imensa bandeira que passeia pela quadra cobrindo os visitantes na apresentação do intérprete oficial da verde e rosa, Marquinhos Art´Samba. O entusiasmo e a animação atingiram o auge tanto nas apresentações do samba enredo de 2020, quanto nos momentos em que o hino do Flamengo foi puxado pelos cantores da escola.

A Nação encontra os campeões

Na manhã de domingo a massa rubro-negra lotou a Avenida Presidente Vargas para recepcionar os heróis da conquista. Jovens, idosos e crianças marcaram presença no Centro do Rio para saudar os campeões.

Mais uma vez Witzel esteve presente. A festa da favela sendo comemorada pelo governador que incentiva a violência da PM contra as comunidades. No final do trajeto houve muita confusão, com a polícia jogando gás lacrimogênio nos flamenguistas e depredação do mobiliário urbano.

Dupla conquista

Para quem pensava que apesar do papelão da PM, o dia estava ganho, mais uma alegria. Com o resultado do jogo entre o Grêmio e o Palmeiras, de 2 X 1 para o time gaúcho, ainda havia muito a comemorar.

O Flamengo tornou-se campeão Brasileiro por antecipação. Quatro rodadas antes do final do campeonato!

Agora, é se preparar para a final do Mundial Interclubes em Dubai. O céu não é o limite para Jesus e os jogadores do Mengão!       

Gratidão de filha para pai. Orgulho de pai para filha,  sangue rubro-negro tem poder!

*Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Da série “Arpoador”, do SEM   FIM…  delcueto.wordpress.com

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