Texto e foto do ensaio dos protótipos de 2013, de Valéria del Cueto
O carnavalesco Cid Carvalho continuando a parceria iniciada na Mocidade Independente de Padre Miguel, em 2010, pela segunda vez liberou os bastidores da apresentação de protótipos da Mangueira para a sequencia do ensaio fotográfico “Vestindo a fantasia” que desenvolvo há vários carnavais.
Na investigação dos olhares carnavalescos sempre reservei espaço para o momento em que o indivíduo abandona seu “eu” incorporando uma nova “persona” e, depois do êxtase da folia momesca, faz o caminho inverso. Primeiro, nas concentrações e dispersões do Sambódromo Darci Ribeiro, na Marquês de Sapucaí, durante os desfiles das escolas de samba dos Grupos de Acesso e Especial do Rio de Janeiro. Depois, ainda na rua, nos lugares em que pude usar meu equipamento com segurança.
Afinei o foco da pesquisa com a ajuda do destaque Maurício d´Paula, colega no curso de Gestão Carnavalesca, na Estácio de Sá, e a montagem de sua fantasia no enredo “Adorável Loucura na Cidade do Encantamento”, de Severo Luzardo, na Vizinha Faladeira, em 2007.
Em 2008 estava na dispersão do Grupo Especial, na Mocidade Independente de Padre Miguel, para esmiuçar o desmonte da sua fantasia “Dom Sebastião nas Águas Claras do Maranhão”, do enredo de Cid Carvalho “Quinto Império”.
Na temporada de preparação no barracão para o carnaval de 2011, foi a vez de fazer um trabalho de meses sobre a construção do mecanismo e adereçamento da fantasia que se transformava de coruja em mago no abre alas do enredo “Parábola dos Divinos Semeadores”. Foi este ano que Maurício me apresentou ao carnavalesco, criador do enredo da escola e da fantasia.
Em 2012, fiz o making of da incrível e polêmica onça pintada da porta-bandeira Marcella Alves, que gatunhava o Cacique mestre-sala Raphael Rodrigues, no desfile “Vou Festejar, sou Cacique, sou Mangueira”.
Reencontrei a parceria de barracão com Cid quando foi franqueado o acesso aos bastidores da apresentação dos protótipos mangueirenses de “Cuiabá, uma Viagem ao Centro da América”, de 2013.
O inusitado desse exercício fotográfico (diferenciado pelo limite de tempo em que pode ser desenvolvido) é a reunião num espaço reduzido de todas as fantasias de alas de um enredo. No caso, os aproximadamente 45 conjuntos masculinos e/ou femininos vestidos simultaneamente. Na avenida isso acontece ao longo da concentração tornando impraticável um registro geral.
Dois anos depois, novamente, surgiu a possibilidade de explorar as fantasias e sua primeira montagem num desfile em conjunto. A verde e rosa mostrava os protótipos do enredo “Mulher de Mangueira, mulher brasileira em primeiro lugar”. Desta vez era proibido fotografar ou filmar o desfile em si mas o carnavalesco Cid Carvalho liberou – com exclusividade – os bastidores e o imenso camarim onde estavam armazenadas as fantasias, espaços em que os componentes/modelos foram “montados” pela primeira vez em conjunto. Maquiagem e definição dos figurinos adequados logo atrás o palco. Montagens e ajustes junto aos manequins/suportes dos trajes, enfileirados no salão onde os protótipos estavam expostos. Retorno ao “ante-palco” com foto oficial da fantasia e fila de entrada para as performances na passarela diante de representantes das alas, diretores da escola, formadores de opinião e imprensa e sem registros!
“Vestir a fantasia” foi fácil. Difícil é esperar até depois do carnaval para mostrar o resultado do ensaio fotográfico…
*Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. O texto faz parte da série “É carnaval”, do Sem Fim… http://delcueto.wordpress.com
** AQUI os bastidores da festa de protótipos da Mangueira, em 2013
*** AQUI making of da montagem da baiana de 2013